sábado, 14 de janeiro de 2017

O INCONSCIENTE DA ESQUIZOANÁLISE , POR GILLES DELEUZE

"O inconsciente da esquizoanálise ignora as pessoas, os conjuntos e as leis; as imagens, as estruturas e os símbolos. Ele é órfão, assim como é anarquista e ateu. Ele é órfão, não no sentido de uma ausência designada pelo nome pai, mas no sentido de que produz a si próprio onde quer que os nomes da história designem intensidades presentes (' o mar dos nomes próprios'). Ele não é figurativo, pois seu figural é abstrato, a figura-esquiza. Ele não é estrutural nem simbólico, pois sua realidade é a do Real em sua produção e mesmo em sua inorganização. Ele não é representativo, mas somente maquínico e produtivo...
Destruir, destruir: a tarefa da esquizoánalise passa pela destruição, por toda uma faxina, toda uma curetagem do inconsciente. Destruir a ilusão do eu, o fantoche do superego, a culpabilidade, a lei, a castração. Não se trata de piedosas destruições como as que a psicanálise opera sob a benevolente neutralidade do analista. Porque estas são destruições à moda de Hegel, maneiras de conservar [...] Não é o perverso e nem o autista que escapam à psicanálise, é toda a psicanálise que é uma gigantesca perversão, a começar pela realidade do desejo, um narcisismo, um autismo monstruoso: o autismo próprio e a perversão intrínseca da máquina do capital."

Gilles Deleuze e Félix Guattari - O Anti-Édipo: Capitalismo e Esquizofrenia1



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